terça-feira, 10 de abril de 2018

Entenda por que o São Paulo pagou pela liberação antecipada de Gonzalo Carneiro


Gonzalo Carneiro é apresentado por Raí no São Paulo (Foto: Érico Leonan / saopaulofc.net)
O São Paulo pagou aproximadamente 800 mil dólares (cerca de R$ 2,6 milhões) ao Defensor, do Uruguai, por 50% dos direitos econômicos de Gonzalo Carneiro, apresentado na segunda-feira no CT da Barra Funda.

O contrato do atacante de 22 anos com os uruguaios era válido até 31 de julho. Diante disso, houve questionamento de torcedores sobre por qual razão o Tricolor gastou dinheiro com a transferência. Isso porque a Fifa permite a assinatura de um pré-contrato seis meses antes do término de um vínculo.

Dois aspectos importantes motivaram o São Paulo a entrar em um acordo com o Defensor pela liberação imediata.

O primeiro é que a janela de transferências internacionais do meio do ano para o Brasil ficará aberta até o dia 20 de julho. Portanto, 11 dias antes do término do antigo contrato de Carneiro com o Defensor.

Ou seja, se o São Paulo firmasse um pré-contrato, e o Defensor segurasse o jogador até o fim do vínculo, Gonzalo Carneiro só poderia ser registrado na outra janela, entre o fim de 2018 e o começo de 2019.

A outra razão é financeira: uma taxa estabelecida pela Fifa chamada "training compensation". É um dispositivo criado para recompensar o clube formador e pago exclusivamente na primeira transferência internacional de saída. Esse dispositivo é referente à formação dos 12 aos 23 anos. Há diferença nos valores pagos dos 12 aos 16 anos e dos 16 aos 23.

O valor da taxa é calculado de acordo com o número de anos nos quais o atleta defendeu o clube formador e também com base no nível do clube para o qual o jogador está se transferindo. Pelo regulamento da Fifa, as confederações continentais (Conmebol, Uefa e Concacaf, entre outras) e os clubes são classificados em quatro categorias, segundo critérios específicos.

No caso da transferência de Gonzalo Carneiro do Defensor do Uruguai (categoria Conmebol 2) para o São Paulo (categoria Conmebol 1), o Tricolor calcula nos bastidores que teria de pagar cerca de 600 mil dólares (aproximadamente R$ 1,95 milhão) aos uruguaios pela taca – segundo a ficha divulgada na apresentação, Carneiro ficou no Defensor de 2009 a 2018.

Ou seja, o São Paulo acrescentou mais cerca de 200 mil dólares (aproximadamente R$ 650 mil) ao investimento que obrigatoriamente seria feito e obteve a liberação imediata.

– O clube que formou o jogador tem direito ao "training compensation" somente na primeira operação internacional de saída. O valor é pago de acordo com os anos nos quais ele ficou no clube e depende do nível do novo clube para o qual o jogador vai. O mecanismo de solidariedade é diferente: se houver dez transferências internacionais, todos os clubes formadores dos 12 aos 23 anos terão direito as suas partes em cima dos 5% nas dez operações – explicou o advogado com mestrado em direito desportivo João Henrique Chiminazzo.

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